domingo, 24 de outubro de 2010

Medo ou ressentimento?

                    Segundo Nietzsche, a essência da felicidade é não ter medo. Que medo é este que nos persegue, impedindo que façamos coisas que o nosso desejo mais íntimo nos permitiria? Creio que a frustração por um desejo contido pode, muitas vezes, levar à culpa por não termos permitido que coisas aconteçam, mesmo que estas poderiam levar ao erro. O ressentimento, por sua vez, é aquele sentimento que nos faz remoer essas coisas, esses fatos acontecidos e que, por algum motivo, não aconteceram em sintonia para com os dois lados: o mais fraco e o mais forte. O ressentimento leva à parte mais fraca a necessidade de culpar o lado mais forte e nele incutir, mesmo que de pensamento, a má consciência. Ao ressentido resta a posição de eterno ressentido. Por outro lado, a culpa é uma via de duas mãos. Penso que, em muitas situações, podemos nos sentir culpados e ressentidos ao mesmo tempo: culpados, por nós mesmos sentirmo-nos nesta situação, por não termos feito algo; e ressentidos, não por sentirmos a necessidade de encontrar um culpado, até porque este pode ser nós mesmos, mas pelo simples fato de remoer o erro.

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